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História da ANeuro

    A medicina brasileira, no século XIX e na primeira metade do século XX, teve como principal influência a medicina francesa, reforçada, após, pela medicina alemã. Isso também inclui a influência exercida por Jean-Martin Charcot (1825-1893) e seus seguidores como líderes das primeiras escolas brasileiras de neurologia (Rio de Janeiro e São Paulo).

            A medicina francesa exerceu uma forte influência sobre a formação dos médicos brasileiros, dentre eles o “primeiro” em sua área de atuação foi José Martins da Cruz Jobim (1802-1878), que se formou em medicina pela Faculté de Médecine de Paris (1828), e foi fortemente influenciado pela doutrina de François Broussais (1772-1838). Como autor do primeiro texto de abordagem neuropsiquiátrica, Insania Loquaz (1831) foi considerado o primeiro “neuropsiquiatra” brasileiro.

            João Vicente Torres Homem (1837-1887), autor do primeiro livro médico brasileiro em neurologia, "Lições sobre as moléstias do sistema nervoso (...)" (1886), foi o presidente da Internal Medicine no Rio de Janeiro. João Carlos Teixeira Brandão (1854-1921), o primeiro professor brasileiro da matéria “Mental e Doenças Nervosas”, “pai” da psiquiatria brasileira, foi inspirado pelas concepções francesas, principalmente as de Bénédict Augustin Morel (1809-1873).

            Além dos precursores já citados, a neurologia brasileira foi fortemente influenciada pela escola neurológica francesa moderna, cujo patrono foi Charcot. Charcot proveu descrições clínicas e patológicas da esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, neuropatia motora e sensitiva hereditária e ataxia motora. Ele também nominou a “shaking palsy” com o nome de Parkinson e “maladies des tics” com o de Gilles de La Tourette.

            Apesar do domínio da neurologia francesa por Charcot, outros nomes também se desenvolveram de forma independente, assim como Charles-Édouard Brown-Séquard (1817-1894) e Joseph-Jules Dejerine (1849-1917). Dejerine foi o pupilo de Alfred Vulpian (1826-1887) no Hôpital Bicetrê, e colaborador de Charcot. Fulgence Raymond (1844-1910), chefe sênior da clinique de Charcot, sucedeu Edouard Brissaud (1852-1909) no Salpetrière, seguido por Dejerine após a morte de Raymond. Brissaud também foi aluno de Pierre Paul Broca (1824-1880), um dos pilares da neurologia moderna.

            Pierre Marie (1853-1940), um dos alunos favoritos de Charcot e professor da faculdade de Paris (1889), criou um serviço neurológico em Bicêtre. Em 1907 ele nomeou Charcot como Presidente da Anatomia Patológica, e em 1918, tornou-se professor da Neurologia Clínica do Salpêtrière após Dejerine. Mais tarde, Georges Guillain (1876-1861) se tornou professor de neurologia no Salpêtrière (1923), enquanto Joseph Jules François Babinski (1857-1932), em La Pitié, virou um importante líder da nova neurologia.

            As ilustres personalidades francesas, Dejerine, Marie, Babinski e Guillain, membros da “Parisian neurologists”, responsáveis pelo treinamento de estudantes e médicos vindos de várias partes do mundo, foram os mentores de alguns neurologistas brasileiros. Antônio Austregesilo Rodrigues de Lima (1876-1960), conhecido como o “pai” da neurologia brasileira, foi treinado em Paris por Dejerine, Marie e Babinski, e se tornou o chefe da neurologia na Escola de Medicina do Rio de Janeiro.

            Aloysio de Castro (1881-1959), o co-fundador da neurologia brasileira, viajou para a Europa, onde expandiu seu conhecimento em semiologia do sistema nervoso no Hôpital Bicêtre, sob supervisão de Pierre Marie. Enjolras Vampré (1895-1959) é conhecido como o “pai” da neurologia em São Paulo, foi qualificado no hospital Salpêtrière, sob supervisão de Guillain.

            Deolindo Augusto de Nunes Couto (1902-1992), o mais influente neurologista no Brasil, de 1945 a 1972, foi discípulo de Guillain no hospital Salpêtrière, e junto aos seus colegas, introduziram no Brasil os conhecimentos da medicina francesa, que se tornaram os pilares da neurologia brasileira.

            As escolas médicas brasileiras estão assistindo a um fenômeno exagerado de criação de novas ligas acadêmicas. Definidas como um grupo de alunos que se organiza para aprofundamento didático em determinados temas, as ligas fazem parte do dito currículo paralelo do estudante de medicina. Nas ligas, estudantes recebem aulas teóricas sobre determinado assunto, organizam cursos e simpósios, desenvolvem projetos de pesquisa e participam de atividades junto a serviços médicos ou à comunidade.

            Neste enfoque, a “ACADEMICA et foedus NEUROLOGIE et NEUROCHIRURGIE” (ANeuro) da Unifenas/BH vem com nova reformulação para cumprir aos novos desafios propostos para as escolas médicas do Brasil. O modelo do novo paradigma, recentemente denominado paradigma da integralidade, indica mudanças na formação do médico na graduação. O objetivo de uma formação mais contextualizada no que se refere aos programas de graduação profissional da saúde, considerando as dimensões sociais, econômicas e culturais da vida da população.

            O paradigma da integralidade induziria à construção de um novo modelo pedagógico, visando à interação e ao equilíbrio, entre excelência técnica e relevância social. A operacionalização deste princípio seria norteada pela construção de um currículo integrado aos modelos pedagógicos mais interativos, por meio da adoção de metodologias de ensino-aprendizagem centradas no aluno e como sujeito da aprendizagem, sendo o professor o agente facilitador do processo de construção de conhecimento.

            Portanto a “ACADEMICA et foedus NEUROLOGIE et NEUROCHIRURGIE” (ANeuro), foi fundada em janeiro de 2014 por estudantes da graduação de medicina da Universidade José do Rosário Vellano, unidade Belo Horizonte (Unifenas/BH), com o intuito de interligar o conhecimento da área neurológica de forma atemporal. Vertente moderna da até então Liga de Neurologia e Neurocirurgia (LiNeuro), procura mesclar a origem da língua brasileira proveniente do latin (academica et foedus, que significa liga acadêmica em latin) com a origem francesa da neurologia e neurocirurgia no Brasil (neurologie et neurochirurgie, que significa neurologia e neurocirurgia em francês), de forma a demonstrar pela arte da palavra, a arte da história da neurologia e neurocirurgia brasileira, assim como a sua integração com as diversas áreas acadêmicas e da saúde por meio de sua logomarca (by Frederico Valim, aluno da graduação de medicina da Unifenas/BH).

 

Atenciosamente,

Membros fundadores da ANeuro.

 

Belo Horizonte, 03 de fevereiro de 2014.

 

Nossa Missão
  • Aprimorar a eduação na área neurológica;

  • Trabalhar em equipe;

  • Levar informação à comunidade.

Nossos Objetivos

Proporcionar aos acadêmicos e profissionais da área da saúde uma melhor formação e entendimento a respeito das comorbidades neurológicas.

Levar informações importantes, à comunidade, sobre as principais afecções neurológicas.

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